Nota

O legado de Anna Jaguaribe para as relações internacionais

Filha do sociólogo e cientista político Hélio Jaguaribe, Conselheiro Honorário do CEBRI, a socióloga Anna Jaguaribe, assim como pai, foi uma grande intelectual e entusiasta do papel das relações internacionais para melhor projetar o Brasil no mundo.  Dona de um espírito inquieto e atento aos desafios do presente e do futuro, Anna Jaguaribe foi uma das pioneiras a apontar o novo protagonismo da China e sua importância no desenvolvimento global.

Contribuiu de forma inestimável com o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) como membro do Conselho Curador, desde 2017. Estruturou o Núcleo Ásia e o Grupo de Análise sobre China, estando à frente do planejamento e organização de cursos, publicações de referência e debates de alto nível com renomados interlocutores brasileiros e estrangeiros.

Foi idealizadora do programa de treinamento executivo sobre a China, em parceria com a Universidade de Tsinghua, considerada a nº 1 da China. Coordenou sete edições do programa, que contribuíram para um melhor entendimento do papel da China no tabuleiro da geopolítica global e ampliaram as possibilidades de cooperação com o Brasil.

Criou o Núcleo Multilateralismo e foi responsável pelo desenvolvimento do primeiro projeto do CEBRI com a Delegação da União Europeia no Brasil. Ao longo dos últimos dois anos, coordenou um projeto em parceria com a Fundação Konrad Adenauer sobre os desafios para o sistema multilateral na nova ordem internacional, o que resultou no final de 2020 na publicação de livro de referência sobre o tema.

Diretora do Instituto de Estudos Brasil-China (IBRACH), socióloga com doutorado pela Universidade de Nova York e pós-graduada pela École Pratique des Hautes Études, Anna viveu como pesquisadora na China de 1998 a 2003. Trabalhou nas Nações Unidas em Nova York, foi consultora da UNCTAD em Genebra e Professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Anna Jaguaribe também liderou a condução do projeto “Política Externa Brasileira e Ordem Global em Transição: Reorientações do Multilateralismo”, desenvolvido em 2020 pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) com o apoio da Fundação Konrad Adenauer (KAS), que tinha como objetivo mapear tendências e questões estratégicas para as economias emergentes, em particular o Brasil, no redirecionamento da política multilateral.

Teve um papel central na análise dos impactos da Covid-19 no sistema multilateral, afirmando que "a Covid-19 evidencia a resiliência da solidariedade e empatia humana em todas as comunidades afetadas e reafirma a centralidade da ciência, a importância das instituições científicas e de suas comunidades epistêmicas globais." Foi, sobretudo, uma grande especialista em analisar a inserção global da China, bem como os possíveis impactos dessa nova dinâmica para diversos países e regiões, especialmente para o Brasil, tendo conduzido estudos sobre o tema no Núcleo Ásia do CEBRI, no IPEA, e como e Diretora do Instituto de Estudos Brasil-China (IBRACH).

Sua contribuição foi extremamente relevante para melhor compreender o desenvolvimento chinês, a crescente projeção internacional da China e o novo significado da parceria estratégica com o Brasil. 

"Anna tinha um conhecimento profundo da cultura e da filosofia chinesa. Viveu na China ainda na fase inicial de abertura mas nunca perdeu contato com o país e com os muitos amigos que fez lá. Formou uma visão privilegiada das transformações chinesas e abriu caminhos na relação com o Brasil. Ademais, contemporânea na reflexão, tinha foco em tecnologia, conectividade e inovação. Era nesses três pontos que, em sua visão, mais teríamos a ganhar na interação com os chineses. Enquanto se falava em infraestrutura física, ela apontava para a digital e estava sempre à cata das mentes que nos ajudassem a entender o futuro. Foi única ao combinar tantas facetas da reflexão diplomática e a fascinar todos em torno dela com o seu misto de energia e suavidade, suas reflexões sempre estimulantes, seu jeito acolhedor de ser, seu olhar tão cheio de humanidade.", diz o Embaixador Marcus Caramuru.

Para Alexandre Lowenkron e Pedro Henrique Mariani do banco BOCOM BBM, "Anna era uma grande embaixatriz ao conectar o Brasil com pessoas, empresas e grandes universidades chinesas, a exemplo do curso que promovia em parceria com a Universidade de Tsinghua. Estimulava relações com grande propriedade e conhecimento".

 

Por Anna Jaguaribe:

“O sucesso econômico da China, dificilmente duplicável, se explica pelos constantes ajustes, adaptações e inovações institucionais ao longo do processo de reforma”.

“A China não é somente a nova potência econômica, mas também exemplo de uma trajetória de modernidade alternativa ao mundo euro-atlântico”.

“A singularidade do caso chinês advém de múltiplos fatores entre os quais: uma história alternativa de formação, tanto do Estado como do Mercado, circunstâncias internacionais únicas, e uma arguta visão de futuro associada ao planejamento estratégico”.

“A emergência da Ásia como pólo de produção global e, sobretudo, o sucesso da China em transformar-se no centro manufatureiro global introduzem elementos de diversidade no sistema que não são absorvidos. Outros fatores econômicos contribuem igualmente para as dificuldades regulatórias do sistema: a complexidade do comércio global de cadeias produtivas, as externalidades dos processos tecnológicos associados à economia de inovação e a digitalização de produtos e serviços”.

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Filha do sociólogo e cientista político Hélio Jaguaribe, Conselheiro Honorário do CEBRI, a socióloga Anna Jaguaribe, assim como pai, foi uma grande intelectual e entusiasta do papel das relações internacionais para melhor projetar o Brasil no mundo.  Dona de um espírito inquieto e atento aos desafios do presente e do futuro, Anna Jaguaribe foi uma das pioneiras a apontar o novo protagonismo da China e sua importância no desenvolvimento global.

Contribuiu de forma inestimável com o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) como membro do Conselho Curador, desde 2017. Estruturou o Núcleo Ásia e o Grupo de Análise sobre China, estando à frente do planejamento e organização de cursos, publicações de referência e debates de alto nível com renomados interlocutores brasileiros e estrangeiros.

Foi idealizadora do programa de treinamento executivo sobre a China, em parceria com a Universidade de Tsinghua, considerada a nº 1 da China. Coordenou sete edições do programa, que contribuíram para um melhor entendimento do papel da China no tabuleiro da geopolítica global e ampliaram as possibilidades de cooperação com o Brasil.

Criou o Núcleo Multilateralismo e foi responsável pelo desenvolvimento do primeiro projeto do CEBRI com a Delegação da União Europeia no Brasil. Ao longo dos últimos dois anos, coordenou um projeto em parceria com a Fundação Konrad Adenauer sobre os desafios para o sistema multilateral na nova ordem internacional, o que resultou no final de 2020 na publicação de livro de referência sobre o tema.

Diretora do Instituto de Estudos Brasil-China (IBRACH), socióloga com doutorado pela Universidade de Nova York e pós-graduada pela École Pratique des Hautes Études, Anna viveu como pesquisadora na China de 1998 a 2003. Trabalhou nas Nações Unidas em Nova York, foi consultora da UNCTAD em Genebra e Professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Anna Jaguaribe também liderou a condução do projeto “Política Externa Brasileira e Ordem Global em Transição: Reorientações do Multilateralismo”, desenvolvido em 2020 pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) com o apoio da Fundação Konrad Adenauer (KAS), que tinha como objetivo mapear tendências e questões estratégicas para as economias emergentes, em particular o Brasil, no redirecionamento da política multilateral.

Teve um papel central na análise dos impactos da Covid-19 no sistema multilateral, afirmando que "a Covid-19 evidencia a resiliência da solidariedade e empatia humana em todas as comunidades afetadas e reafirma a centralidade da ciência, a importância das instituições científicas e de suas comunidades epistêmicas globais." Foi, sobretudo, uma grande especialista em analisar a inserção global da China, bem como os possíveis impactos dessa nova dinâmica para diversos países e regiões, especialmente para o Brasil, tendo conduzido estudos sobre o tema no Núcleo Ásia do CEBRI, no IPEA, e como e Diretora do Instituto de Estudos Brasil-China (IBRACH).

Sua contribuição foi extremamente relevante para melhor compreender o desenvolvimento chinês, a crescente projeção internacional da China e o novo significado da parceria estratégica com o Brasil. 

"Anna tinha um conhecimento profundo da cultura e da filosofia chinesa. Viveu na China ainda na fase inicial de abertura mas nunca perdeu contato com o país e com os muitos amigos que fez lá. Formou uma visão privilegiada das transformações chinesas e abriu caminhos na relação com o Brasil. Ademais, contemporânea na reflexão, tinha foco em tecnologia, conectividade e inovação. Era nesses três pontos que, em sua visão, mais teríamos a ganhar na interação com os chineses. Enquanto se falava em infraestrutura física, ela apontava para a digital e estava sempre à cata das mentes que nos ajudassem a entender o futuro. Foi única ao combinar tantas facetas da reflexão diplomática e a fascinar todos em torno dela com o seu misto de energia e suavidade, suas reflexões sempre estimulantes, seu jeito acolhedor de ser, seu olhar tão cheio de humanidade.", diz o Embaixador Marcus Caramuru.

Para Alexandre Lowenkron e Pedro Henrique Mariani do banco BOCOM BBM, "Anna era uma grande embaixatriz ao conectar o Brasil com pessoas, empresas e grandes universidades chinesas, a exemplo do curso que promovia em parceria com a Universidade de Tsinghua. Estimulava relações com grande propriedade e conhecimento".

 

Por Anna Jaguaribe:

“O sucesso econômico da China, dificilmente duplicável, se explica pelos constantes ajustes, adaptações e inovações institucionais ao longo do processo de reforma”.

“A China não é somente a nova potência econômica, mas também exemplo de uma trajetória de modernidade alternativa ao mundo euro-atlântico”.

“A singularidade do caso chinês advém de múltiplos fatores entre os quais: uma história alternativa de formação, tanto do Estado como do Mercado, circunstâncias internacionais únicas, e uma arguta visão de futuro associada ao planejamento estratégico”.

“A emergência da Ásia como pólo de produção global e, sobretudo, o sucesso da China em transformar-se no centro manufatureiro global introduzem elementos de diversidade no sistema que não são absorvidos. Outros fatores econômicos contribuem igualmente para as dificuldades regulatórias do sistema: a complexidade do comércio global de cadeias produtivas, as externalidades dos processos tecnológicos associados à economia de inovação e a digitalização de produtos e serviços”.

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