Entre os dias 14 e 16 de novembro, o CEBRI avançou sua programação na COP30 com uma série de debates estratégicos na Blue Zone e na Casa Diálogo. A agenda reuniu autoridades ministeriais, especialistas internacionais, pesquisadores e lideranças empresariais para aprofundar discussões sobre minerais críticos, prontidão de mercado para energias renováveis e questões civilizatórias que moldam o futuro a partir das transformações vivenciadas no século XXI.
14 de novembro
From Mines to Grids: Ministerial Dialogue on Critical Minerals for the Energy Transition
Coorganizado pelo CEBRI, pelo Ministério de Minas e Energia (MME) e pela Global Clean Power Alliance (GCPA), o painel “From Mines to Grids” reuniu representantes de governos, organismos multilaterais e setor privado para discutir como aumentar a oferta global de minerais críticos de forma responsável, assegurando transparência, sustentabilidade e benefícios socioeconômicos para as comunidades locais.
A Secretária Nacional de Geologia, Mineração e Transformação Mineral, Ana Paula Bittencourt, destacou a necessidade de salvaguardas ambientais e sociais que permitam ao Brasil expandir sua produção com segurança jurídica, responsabilidade e maior agregação de valor em cadeias como nióbio, lítio, cobre, grafite, terras raras e fosfato — essencial para a segurança alimentar global.
Representando o Reino Unido, a Ministra Katie White (GCPA) enfatizou que acelerar a transição energética exige cadeias de suprimentos resilientes, diversificadas e de baixo carbono, com investimentos em dados de qualidade, manufatura, inovação e estratégias de circularidade.
Também participaram o Príncipe Jaime dos Países Baixos, que reforçou a importância da mineração responsável e do valor local capturado pelos países produtores; representantes do IBRAM, que defenderam maior cooperação Sul–Sul e regimes fiscais atrativos; Solange Ribeiro (Neoenergia), que destacou a necessidade de inovação, de-risking e arranjos industriais que promovam prosperidade compartilhada; Demetrios Papathanasiou (Banco Mundial), que apresentou o novo plano de expansão de investimentos em metais e mineração; e Luciana Costa (BNDES), que detalhou iniciativas do banco para financiar projetos greenfield, apoiar empresas juniores e viabilizar mecanismos de garantia ao setor.
Encerrando o debate, Mariana Espécie ressaltou que minerais críticos são habilitadores centrais da transição energética e que o Brasil deve fortalecer sua governança, ampliando parcerias internacionais e ouvindo todos os atores do ecossistema para avançar esse debate nos próximos meses.
14 de novembro
From Net Zero Roadmaps to Action: Advancing Market Readiness for Renewables and Low-Carbon Solutions
Realizado na Casa Diálogo, o encontro integrou a Segunda Fase do Programa de Transição Energética do CEBRI (PTE2) e teve como objetivo discutir os caminhos para fortalecer a prontidão de mercado para energias renováveis e soluções industriais de baixo carbono. Organizado pelo CEBRI e pela Scatec, com a participação dos parceiros e patrocinadores do PTE2, o painel reuniu formuladores de políticas públicas, instituições financeiras e especialistas internacionais.
16 de novembro
Ser Humano Amanhã
Encerrando o fim de semana, o CEBRI realizou o evento “Ser Humano Amanhã”, dedicado a refletir sobre o significado de ser humano em um contexto marcado por rápidas transformações tecnológicas, ambientais e sociais. O debate aproximou a vivência da COP de temas como planetarismo, ecohumanismo, pós-humanismo e transhumanismo: perspectivas que buscam reinterpretar a relação entre humanidade, natureza e tecnologia em um mundo atravessado por múltiplas crises interconectadas.
Participaram Izabella Teixeira, Conselheira Consultiva e Internacional do CEBRI e ex-Ministra do Meio Ambiente; Alita Mariah (Instituto Inhotim); e Fábio Scarano (Museu do Amanhã/UFRJ/IDG). As discussões destacaram que a crise climática e o avanço tecnológico reorganizam profundamente as referências éticas e políticas da vida contemporânea, exigindo novas formas de multilateralismo, educação, cultura científica e responsabilidade coletiva.
Entre os tópicos debatidos, destacaram-se:
o desafio de reconhecer a natureza como ator político;
o papel de soluções baseadas na natureza para responder às policrises;
a necessidade de reconectar sociedade, política e meio ambiente;
e a compreensão de que a construção de futuros desejáveis depende da ação humana, da ciência e da capacidade de integrar tecnologia e ecologia de forma consciente.