Copied!

Book Reviews

More of the same? The old Cold War in the new Space War

Book Review of Bleddyn E. Bowen's "Original Sin: Power, Technology and War in Outer Space" (Oxford University Press, 2023)

Bleddyn E. Bowen argumenta em seu livro que o desenvolvimento da tecnologia espacial foi impulsionado por motivações em matéria de Defesa, resultando na atual militarização do espaço. Para demonstrar seu argumento, Bowen nos leva por meio de uma detalhada história da militarização do espaço dos primeiros dias da Guerra Fria até os dias atuais. Ao longo do caminho, o autor enfileira evidências sobre os potenciais riscos que essa tendência pode representar para a governança da nova fronteira de segurança internacional.

Original Sin: Power, Technology and War in Outer Space está dividido em três partes. Na primeira parte, “O Pecado Original”, o autor discute o desenvolvimento inicial da tecnologia espacial e como ela foi moldada por considerações militares. A segunda parte, “O Armamento do Espaço”, examina as diversas maneiras pelas quais a tecnologia espacial tem sido usada para fins militares, como vigilância, comunicação e implantação de armas. A terceira, “O Futuro da Guerra Espacial”, analisa os riscos e perigos potenciais da militarização do espaço e discute algumas formas possíveis de mitigar esses riscos.

Aqui estão alguns dos pontos-chave que Bowen destaca no livro:

O desenvolvimento da tecnologia espacial tem sido impulsionado por considerações militares e não pelo desejo de explorar o espaço para fins pacíficos. Essa militarização do espaço levou ao desenvolvimento de armas novas e mais destrutivas que poderiam ser utilizadas para travar uma guerra no espaço, ou para atacar alvos na Terra a partir do espaço. Por conseguinte, a militarização do espaço também tornou o espaço um local mais perigoso, uma vez que existe agora o risco de acidentes ou ataques intencionais que podem causar danos generalizados. Portanto, argumenta Bowen, é necessário encontrar formas de mitigar os riscos da militarização do espaço, nomeadamente através de acordos internacionais para limitar o desenvolvimento e a implantação de armas espaciais.

Original Sin é uma excelente leitura e estudo muito bem recebido pela comunidade especializada. Apesar disso, existem alguns pontos críticos que merecem ser destacados.

O livro centra-se principalmente na militarização do espaço pelos Estados Unidos e pela Rússia, e não dá tanta atenção à militarização do espaço por outros países, como a China e a Índia. Assim, o foco da obra reforça a interpretação tradicional da Guerra Fria e deixa a desejar na inclusão de narrativas não Ocidentais.

O livro centra-se principalmente na militarização do espaço pelos Estados Unidos e pela Rússia, e não dá tanta atenção à militarização do espaço por outros países, como a China e a Índia. Assim, o foco da obra reforça a interpretação tradicional da Guerra Fria e deixa a desejar na inclusão de narrativas não Ocidentais.

Por outro lado, o livro tão pouco aborda os benefícios potenciais da securitização do espaço para lidar com ameaças existenciais, tais como a utilização de armas espaciais para dissuadir agressões ou para proteger contra desastres naturais. Ou então os benefícios dessa corrida tecnológica para dimensões fundamentais da atividade humana, como comunicação, navegação e observação da Terra.

Ademais, a análise do livro sobre o futuro da guerra espacial baseia-se em uma série de suposições, algumas vezes com pouco embasamento factual, tal como a afirmação de que a militarização do espaço continuará a acelerar nos próximos anos – declaração que pode ser colocada em cheque com uma provável desaceleração econômica na próxima década. Outra afirmação questionável do livro é que novas e mais destrutivas armas espaciais serão desenvolvidas, tornando o espaço um lugar mais disputado e perigoso, aumentando o risco de um conflito acidental ou intencional no espaço, que poderia evoluir para uma guerra mais ampla.

As recomendações do livro para mitigar os riscos da militarização do espaço também não são novas e não está claro se serão eficazes, tal como a negociação de acordos internacionais para limitar o desenvolvimento e implantação de armas espaciais. Embora esta apareça como a forma mais eficaz de mitigar os riscos da guerra espacial, tais acordos são difíceis de serem negociados, uma vez que os países estão relutantes em abrir mão das suas vantagens militares. 

Aqui cabe ressaltar uma possibilidade não explorada por Bowen em Original Sin: o papel que países de imagem internacional pacífica, como o Brasil, poderiam cumprir na mediação para a construção de uma governança internacional do espaço.

Estabelecer normas e regras de comportamento para a utilização do espaço poderia ajudar a prevenir conflitos acidentais ou intencionais no espaço. No entanto, é difícil estabelecer e fazer cumprir tais normas e regras, uma vez que as principais potências espaciais têm demonstrado interesses e prioridades diferentes. Aqui cabe ressaltar uma possibilidade não explorada por Bowen em Original Sin: o papel que países de imagem internacional pacífica, como o Brasil, poderiam cumprir na mediação para a construção de uma governança internacional do espaço.

Referência

Bowen, Bleddyn E. 2023. Original Sin: Power, Technology and War in Outer Space. Oxford: Oxford University Press, 2023.

Recebido: 13 de setembro de 2023

Aceito para publicação: 15 de setembro de 2023

Copyright © 2023 CEBRI-Revista. Este é um artigo em acesso aberto distribuído nos termos da Licença de Atribuição Creative Commons que permite o uso irrestrito, a distribuição e reprodução em qualquer meio desde que o artigo original seja devidamente citado.

PUBLICAES RELACIONADAS