Rumo à COP30: Confira nossa série de conteúdos informativos sobre a agenda de meio ambiente e mudança do clima

  • 14 outubro 2025

A Conferência das Partes (COP) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) é o principal fórum internacional voltado ao enfrentamento da crise climática. Desde 1995, o evento reúne anualmente 198 países signatários do tratado, que foi um dos grandes legados da ECO-92, para debater compromissos, metas e soluções conjuntas diante dos desafios ambientais globais.

Ao longo de três décadas, a COP consolidou-se como o espaço central da governança climática multilateral, sendo palco de acordos decisivos como o Protocolo de Kyoto (1997), o Acordo de Paris (2015) e a definição das regras do mercado de carbono internacional a partir da aprovação do Artigo 6 do Acordo de Paris, durante a COP26 (2021), em Glasgow.

O Brasil desempenha papel histórico nesse processo. O país é reconhecido por seu protagonismo na diplomacia ambiental, desde a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO-92), realizada no Rio de Janeiro. Sob a liderança do então chanceler Celso Lafer, um dos fundadores do CEBRI, e coordenação do embaixador Marcos de Azambuja (1934–2025), a chamada Cúpula da Terra reuniu 172 delegações e marcou o início de um novo paradigma de cooperação internacional. Nas palavras de Lafer, aquele foi um “momento solar da diplomacia brasileira”, que reforçou a credibilidade do país e sua voz no debate global sobre o futuro.

Em 2025, quando o Brasil sediará pela primeira vez a COP30, em Belém (PA), o CEBRI realiza uma série de iniciativas e conteúdos especiais com o objetivo de refletir sobre os marcos que moldaram essa agenda universal e o papel do país na construção de soluções possíveis e sustentáveis.

Acompanhe nossas redes e fique por dentro das ações do CEBRI rumo à COP30.

 

Da negociação à ação: Como se estrutura a COP?

Estrutura e a Presidência da COP

A COP (Conferência das Partes) é a reunião anual da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). Ela reúne representantes de 198 partes signatárias para negociar compromissos e adotar decisões que orientam a ação climática global.

A agenda central da COP é composta por negociações intergovernamentais, conduzidas por delegações oficiais dos países signatários da Convenção. Nessas sessões, representantes técnicos e diplomatas debatem textos de decisão, revisam o cumprimento dos acordos existentes e definem o ponto central da conferência. Essa é a esfera em que se consolidam os compromissos formais, distinta das demais atividades da conferência, que envolvem outros atores da sociedade. A conferência como um todo é um ambiente amplo de diálogo, cooperação, implementação e mobilização, que reúne representantes de governos, sociedade civil, academia e setor privado.

Ao longo dos debates preparatórios realizados durante o ano, esses diferentes atores contribuem com propostas, estudos e recomendações técnicas sobre temas centrais para a agenda climática. Eles também exercem um papel fundamental de mobilização e pressão por avanços concretos, especialmente em áreas como financiamento climático, justiça climática e desenvolvimento de tecnologias sustentáveis.

 

Como são organizadas as sessões da COP?

As Conferências das Partes (COPs) duram, geralmente, duas semanas e são compostas por diferentes tipos de sessões, que ocorrem em paralelo ao longo do evento:

Sessões dos órgãos decisórios — reúnem as instâncias principais da Convenção: a COP (Convenção-Quadro da ONU sobre Mudança do Clima), a CMP (Protocolo de Kyoto) e a CMA (Acordo de Paris).
Órgãos subsidiários permanentes — são fóruns técnicos que dão suporte às negociações, como o SBSTA (Órgão Subsidiário de Assessoramento Científico e Tecnológico) e o SBI (Órgão Subsidiário de Implementação).
Grupos de trabalho ad hoc — formados para tratar de temas específicos ou negociações temporárias.

 

A programação da conferência combina:

Segmento de Alto Nível: em 2025, o Segmento de Alto Nível da COP, que tradicionalmente encerrava a conferência, será realizado no início do evento, nos dias 6 e 7 de novembro. Durante essa etapa, chefes de Estado, ministros e autoridades da ONU fazem declarações oficiais e participam de debates de alto nível sobre os principais temas da agenda climática.
Reuniões Abertas: como eventos mandatados, eventos paralelos oficiais e pavilhões nacionais.
Reuniões Fechadas: sessões voltadas à negociação de textos e resoluções, conduzidas por meio de consultas informais e grupos de redação.

 

Como é escolhido o país-anfitrião da COP?

A presidência da COP é rotativa e alterna entre os cinco grupos regionais das Nações Unidas:

  • Grupo Africano

  • Grupo Ásia-Pacífico

  • Grupo da Europa Oriental

  • Grupo da América Latina e Caribe (GRULAC, em inglês)

  • Grupo da Europa Ocidental e Outros (WEOG, em inglês)

O país designado (Presidência Eleita) é responsável por liderar as negociações, definir prioridades temáticas e garantir a condução diplomática do evento. Na COP28 (Dubai, 2023), o Brasil foi eleito para presidir a COP30 — a sede brasileira em Belém (PA) representa não só um marco geopolítico, mas também simbólico, que coloca pela primeira vez a COP em território amazônico.

 

As zonas da COP: diferentes espaços, um mesmo objetivo

Durante a Conferência das Partes, as sessões se dividem em duas grandes áreas:

Zona Azul: administrada pela UNFCCC, é o espaço oficial de negociação entre países, com acesso restrito a delegações, organismos internacionais, observadores e imprensa credenciada. É na Zona Azul que são definidos os rumos do futuro das políticas climáticas internacionais.
Zona Verde: voltada à sociedade civil, academia, setor privado e governos locais, onde ocorrem eventos paralelos, exposições, painéis e ações de engajamento público.

Essa divisão reflete a natureza híbrida da COP: um espaço de governança multilateral, mas também de mobilização coletiva pela ação climática. 

 

Compreender a estrutura da COP é essencial para entender como as decisões climáticas são tomadas, implementadas e fiscalizadas. A presidência e o país anfitrião exercem papel-chave na construção de consensos e no direcionamento das negociações que moldam o futuro da política climática global.

 

Referências
 

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